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A areia na engrenagem

by HANGING BY A NAME

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1.
essa expressão que tu trazes vestida no rosto de quem sempre teve pessoas a gosto pra limpar o chão que pisas com desdém parida da vida sem preocupações que levaste sem consumições que te moam ou gastem o esmalte que em teus dentes brilha tão bem seguro nos trapos que te diferenciam dos outros os loucos os que se entornaram na luta diária labuta daqueles que não tem desenhas no ar com palavras que não compreendes falas do povo, da arte, das gentes sem nunca teres dado a mão a ninguém E de lá de cima do alto da sabedoria que supões ser tua, cagas poesia como se não devesses nada a ninguém altivo nessa tua bolha de convencimento que convence alguns mas que mostra o intento de esconder a fraude que sabes bem ser de barro, nos teus pés estala o verniz lentamente és o que és um tigre que rosna sem dentes e a paz que encontras n'aceitação servil dos outros que te mantém é parco almoço pra um pobre monstro de papel que não se sustém como eu te vejo muitos outros também conseguem ver tudo o que não sabes não te pode ofender meu pobre tigre de papel que não sabe morder tu vais morrer pela tua própria mão sozinho caído no chão arrefecer e nessa bola de cuspo e gente fazedores de opinião um sociopata demente reina sorridente de ceptro na mão um camaleão sem rosto que a gosto faz a revolução com panaceias no bolso, um profeta feito de papelão
2.
assim te escondes nesse teu querer fugir de um mundo que te aturde e te encastra em cinco mil caixas que arbitrariamente alguém se lembrou dizer ser assim e niguém ousou questionar de arestas duras traçadas a giz que roubam o espaço ao espaço e impõe barreiras para o limitar fechar e roubar nessa sala onde mais trinta como tu se sentam cativos de quem ordenar toda a razão igualar como a mó que esmaga o grão sem nunca o encarar e deita no mesmo saco tudo o que acreditar em mais do que esse manual permita ao espaço aquele escrito pela rotina e tais divagações assim proíba e da cartilha elimina toda a réstia de uma luz que teima iluminar o que em ti foi singular para na equação te encaixar como a mó que esmaga o grão sem nunca o encarar e deita no mesmo saco tudo o que acreditar em mais
3.
Sufoco 04:15
Sufoco. Subtraem-te o ar. Sonegam-te o descanso e o alento. E te abraçam com braços já sem cor que roubam à saudade o seu conforto. E mais te afundam nesse mar sem fôlego te rompem as ilhargas com brio. “Tamanho tombo deu na vida que a usura lhe roubou.” E cais no lodo que te envolve e somes num ai sem ar e sucumbes. Sufocar. Carregas em ti o peso de todas as opções que tomaste na vida as boas as más as que de tão insignificantes serem já nem as recordas carregas o peso de tudo o que amealhaste e que julgas na embriaguez cega da posse serem teu tesouro mais desejado carregas o peso da tua família, dos teus amigos, do teu país, do seu desgoverno numa alocação de recursos de aritmética selvagem e desumana da burocracia e da incompetência do preço do petróleo, da água e da luz, da renda da casa e dos impostos, da estupidez das pessoas que cruzam o teu caminho e teimam em não sorrir, que mudam de faixa sem fazer pisca e fazem a rotunda por fora, da televisão que faz da informação jogo de propaganda e semeia a ignorância e a entorpecimento, da pessoa que vive contigo e que não corresponde à imagem que construíste na tua cabeça, da mentira proferida pelos outros e que te causou dano mas sobretudo daquela que saiu dos teus lábios e te mancha e te corrói por dentro e te faz igual a eles destruindo a demente ilusão de seres mais, melhor, de seres diferente e de poderes apontar o dedo. Carregas o peso da ambição por cumprir e do desperdício das tuas capacidades o peso dos sonhos que empilhaste numa pira funerária e de riscar o fósforo que a deflagrou
4.
com a certeza de quem trai o sonho te enrolas fundo no engano intrujar meio mundo e sussurrar ah ah ah ah tu és só mais um que se arroga à arte chamar criação sua, ser o seu estandarte um idealismo kitsh o aparatchik vazio de quem se dá a moda do declínio ah ah ah ah tu és só mais um que se arroga à arte chamar criação sua, ser o seu estandarte e mais então afila o dente o negro cão que rosna: mísero cego que de ilusões te cobres pobre de ti que só de te ouvir me espumam as beiças e rasgo a tua falsa pose em mil e um pedaços que envio pro espaço e te encaminho certo percorrer o inferno que é o de seres vendedor de fumo sem qualquer corpo ou peso que te encomende senso resta-te enquanto tens tempo a sorte de poderes tentar em ti próprio encontrar ai essa agrura que a todos nós faz aterrar ai e nos assenta os pés no chão e aclara o olhar mísero cego que de ilusões te cobres triste manto que tece a tua sorte
5.
Desfecho 03:13
que mais me queimasse na pele escrevesse em carvão o meu pesar mostrasse ao mundo o quanto o tempo ousou passar e mais afirmasse embora em vão de astucia e contenção assim se armou mas sem paz que tens? se é a recompensa que incita o teu andar recorda a cruz que marca a meta e o parar sem mais aplauso ou conforto, sem mais plateia para acarinhar o teu ego, sem mais que a morte é cega e fria e da vaidade, tende a ser má amante e repousa na tua laje o mesmo pó, que varremos do chão que varremos do chão se o sorrir te aquecer o tempo que tens que na certa te escapa e escasseia então faz favor de amiúde substituir com ele o teu esgar
6.
pudera assim ver um dia em ti germinar árvore da vida, tão imensa quanto o mundo abarcar brotar nesse barro que a razão e Darwin quis moldar semente do descontentamento que te obriga a avançar cegueira certa de quem não quer olhar ver seu reflexo sem questionar
7.
que encontro em ti conforto e é certo em mim o vício do rito que embala a vertigem da ausência de norma e da regra que a tudo dá lugar e me aconchega nessa fuga sem resfolegar e me ata as mãos e insiste em mim o reforçar do caminho que repiso em nó e lacra em si o meu torpor sem dó que encontro em ti o alívio e é certo em mim o vício do adicto que embala a delírio da falta de norma e da regra que a tudo dá lugar e me aconchega nessa luta sem resfolegar e me ata as mãos e insiste em mim o reforçar do caminho que repiso em nó e lacra em si o meu torpor sem dó
8.
ousaste então gritar ao mundo toda uma enorme contrição de embaraço
 que nega o teu próprio existir e excomunga o teu ser numa abnegação sem remorso nem dor mãe aqui me confesso como o vil bastardo que sou sem pedir teu indulto que não mereço favor e a ti me lanço aos pés sem cura nem remissão que do que me acusam eu sei culpado ser sem perdão não eu não mais irei julgar outrem pois eu sou somente humano e nesse momento quebrou a amarra o aperto que sufocava teu peito e te impunha um credo não teu de seres perfeito e incapaz de colapso não eu não julgar outrem mais irei eu não
9.
que leve ao enfado e me deixe prostrado de tanto aborrecer e flagele resoluta a minha hirsuta vontade de te engasgar nesse fel forçar a tua glote a ceder e te emudecer e ai de mim que encontre um pretexto igual pra me entregar a essa angústia assaz banal mais te enfardas nesse delírio senil da forragem que tal psicose impingiu e bate de leve a noção de fechares em ti a onírica porta perderes-te assim na insana demanda e ai de mim que encontre um pretexto igual pra me entregar a essa angústia assaz banal fecho essa porta ao delírio sem volta que é o teu

about

"A areia na engrenagem" é o terceiro álbum do trio conimbrincense HBAN, o primeiro com letras em Português.
Editado pela Cogwheel Records. cogwheelrecords.com

Visitem-nos em:
www.hangingbyaname.com
facebook.com/hangingbyaname
hangingbyaname.bandcamp.com
youtube.com/user/hangingbyaname

credits

released December 24, 2015

Produzido pelos HANGING BY A NAME.
Gravado, misturado e masterizado
por Duarte Feliciano
nos isound studios, Coimbra, 2015.
isoundstudios.com
Todas as músicas por HANGING BY A NAME,
todas as letras por Duarte Feliciano.
Fotos da cover art por Adílio Sousa.

Os HANGING BY A NAME neste disco são:
Duarte Feliciano - Guitarra e Voz
Adílio Sousa - Baixo
Renato Costa - Bateria

Agradecimentos:
ao Gonçalo Mourinho que apesar
de não ter tocado neste disco
já faz parte da banda
e participou em todo o processo.
Às nossas famílias por nos aturarem.

license

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about

HANGING BY A NAME Coimbra, Portugal

HANGING BY A NAME is first and foremost the result of the collaboration of the three musicians that make up the band. Duarte Feliciano (Guitar and Vocals), Adílio Sousa (Bass Guitar) and Renato Costa (Drums) are a trio by choice, not by accident. A complex alternative power rock framework, that aggregates music with literature, visual arts giving birth to something new and full of individuality. ... more

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